Em Aparecida (SP), acontece a 60ª Assembleia Geral da CNBB, que vai de 19 a 28 de abril.
A temática principal está voltada à avaliação global da caminhada da CNBB e teve início nesta quarta-feira, às 8h30, com uma saudação do Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro.
Os membros da presidência da CNBB, cujo mandato se encerra nesta assembleia, apresentaram, em seguida, o relatório de balanço de gestão 2019-2023.
A Análise de Conjuntura abordou a: “Ação, concreta, responsável e ética, que una a todos em torno de nosso futuro”.Elaborada pelo Grupo de Análise de Conjuntura da CNBB – Padre Thierry Linard, a análise, apresentada pelo bispo de Carolina (MA), Dom Francisco Lima, parte da ideia da dificuldade de realizá-la em um momento histórico “em que as transformações, possivelmente, estão mais velozes que a nossa própria percepção”, e quer ser um instrumento que ajude na vivência dos próximos passos da CNBB. O início de 2023 se apresentou "com diversos e complexos elementos logo após as eleições nacionais de outubro”, o que se concretizou em “estratégias de resistência ante a mudança no Poder Executivo”, buscando “tentar mudar a realidade eleitoral” fora da Constituição, o que foi combatido pelo Poder Judiciário, chegando em um ponto final em que “a democracia foi vitoriosa!”.
O mundo está marcado por incertezas, que o Papa Francisco define como “uma guerra mundial em pedaços”, que está conduzindo ao “parto de um outro mundo multipolar”, com tensões surgidas dos mesmos velhos motivos: economia, território, tecnologia e terror. Isso num mundo determinado pela desigualdade social, pelo aumento da imigração, pela crise da democracia representativa, o incremento das tecnologias digitais, o recrudescimento de governos autocráticos e de movimentos autoritários cada vez mais atuantes, a partir de estratégias de desinformação, com eleições polarizadas e sociedades divididas. Tudo isso repercute na realidade latino-americana, que é analisada, mostrando um olhar sobre como o processo eleitoral brasileiro de 2022 impactou no reordenamento geopolítico global e regional.No campo da sociedade e da cultura, a Análise de Conjuntura social reflete sobre o drama da desigualdade social e racial, consequência das “muitas e severas sequelas da crise econômica causada pela pandemia”, que levou 33,1 milhões de pessoas a passar fome no Brasil, ao aumento de jovens que não estudam, nem trabalham, a um maior endividamento da população, com um racismo estrutural e cotidiano que machuca o tecido social brasileiro. No mesmo campo, o drama socioambiental e cuidado com a Casa Comum, destacando a determinação do governo Lula na reconstrução da agenda ambiental brasileira. Isso tem se concretizado numa maior valorização dos povos indígenas, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas e ações estratégicas e integradas para o combate ao desmatamento, e a mineração.
A Análise aborda a questão do desarmamento e a cultura da paz frente às violências, com o novo governo enfrentando desde o primeiro dia da política de incentivo ao armamento da população, uma urgência diante dos ataques às escolas nos últimos dias. Também foi abordada a crise do pertencimento e o problema das identidades, insistindo em que “parece ter-se perdido a referência da comunidade”.
Estes e outros aspectos foram abordados na Análise de Conjuntura feita no 1º Dia da Assembleia.