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23/06/2016

Nova Evangelização

A NOVA EVANGELIZAÇÃO
novidade de Deus que transparece 
nos sinais dos tempos
Irmã Patricia Silva, fsp (2016)
  

INTRODUÇÃO
As pessoas, de todas as épocas e culturas, sem deixar de ser o que são, têm acesso à salvação oferecida por Cristo a toda a humanidade. Mas a universalidade da salvação implica uma grande diversidade nas maneiras de vivê-la, diversidade respeitada pela Igreja!
Para a Igreja Católica, ser seu membro significa participar da vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo, segundo documentos do Concílio Vaticano II (1):

"Consumada a obra que o Pai confiara ao Filho para que ele a realizasse na terra (cf. Jo 17,4), no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja e assim dar aos crentes acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito (cf. Ef 2,18). Este é o Espírito da vida, a fonte da água que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14; 7,38-39); por ele, o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até que um dia ressuscitem em Cristo os seus corpos mortais (cf. Rm 8,10-11). O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo (cf. 1Cor 3,16; 6,19): neles ora e dá testemunho de que são filhos adotivos (cf. GI 4,6; Rm 8,15-16 e 26). Leva a Igreja ao conhecimento da verdade total (Jo 16,13), unifica-a na comunhão e no ministério, dota-a e dirige-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos, e embeleza-a com os seus frutos (cf. Ef 4,11-12; 1Cor 12,4; Gl 5,22). Faz ainda rejuvenescer a Igreja com a força do Evangelho, renova-a continuamente e eleva-a a união consumada com o seu Esposo (3). Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: ¨Vem!¨ (cf. Ap 22,17).
Assim aparece a Igreja inteira como ¨povo congregado na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo¨(2).

Depois de Pentecostes, pela pregação, iniciou-se a difusão do Evangelho a todas as nações:
Para completar esta obra Cristo enviou o Espírito Santo da parte do Pai, a fim de que interiormente operasse sua obra salvífica e propagasse a Igreja. Não há dúvida de que o Espírito Santo já operava no mundo antes da glorificação de Cristo. Mas foi no dia de Pentecostes que Ele desceu sobre os discípulos para permanecer eternamente com eles; que a Igreja foi publicamente manifestada ante a multidão; que pela pregação se iniciou a difusão do Evangelho entre as nações; que enfim foi prefigurada a união dos povos na catolicidade da fé mediante a Igreja da Nova Aliança que fala todas as línguas, compreende e abraça na caridade todos os idiomas e assim supera a dispersão de Babel (3).
Desta constatação, o Concílio Vaticano II apontou para três consequências maiores: a Revelação que deve ser entendida como comunicação da vida de Deus (Dei Verbum), a Liturgia, celebração do mistério do diálogo do povo cristão com Deus (Sacrosanctum
Concilium) e a Missão da Igreja (Lumen Gentium), que afirma que Jesus Cristo veio para dar “testemunho da verdade” (cf. Jo 18,37).

Consciente disto, São João XXIII apontou para o “aggiornamento” (4), que vai além de todas as mudanças que se podem operar na Igreja, nas suas formas de viver, nas expressões de sua fé e na sua atitude em face do mundo. É preciso renovar a relação da Igreja com sua fonte, a comunicação da Palavra e do Espírito, e mudar a sua forma de ação direta no mundo e na história. Depois, São João Paulo II, falará de “um novo ardor, novos métodos e novas expressões” (5).

Aberta a porta à diversidade, assistiu-se, logo após o Concílio, ao surgimento de teologias e de planos de pastoral, nas mais diversas direções. Foi então preciso que, desde a morte de São João XXIII, em 1963, seu sucessor, o Cardeal João Batista Montini, com o nome de Paulo VI, defendesse e exigisse a fidelidade de todos à Igreja, para garantir a unidade.

Nessa perspectiva de unidade, ele propõe uma retomada da Igreja a partir de suas origens sobrenaturais, uma “nova evangelização”. Menciona o termo, pela primeira vez, na sua visita à sua terra natal, em 1979, e o universaliza, por assim dizer, no discurso pronunciado na assembleia do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em Porto-Príncipe, em 1983.

A “nova evangelização” não se tratava de uma teoria ou uma visão clara do que fazer. Era uma direção a ser seguida pela Igreja. Era intuição de pastor, que precisava determinar um rumo, para dar novo impulso à missão evangelizadora.

Evangelização, dizia o Papa, que seja nova, por “um novo ardor, novos métodos e novas experiências”. Era uma espécie de palavra profética, como um desafio a ser explorado tanto em seus fundamentos teóricos como em suas aplicações pastorais.
Nesta pesquisa, procurei seguir esta palavra profética e descobrir, a partir do Vaticano II (1965) até o Papa Francisco (2015), os caminhos trilhados e o ponto a que chegamos na reflexão e na vivência concreta da “nova evangelização”.

1. Justificativa: uma nova expressão para um novo sentido
São João XXIII percebe a exigência da nova evangelização que deve ser buscada e expressa na pastoral. No seu discurso de abertura do Concílio Vaticano II, disse o papa São João XXIII:
“Uma coisa é o depósito da fé, as verdades que constituem o conteúdo doutrinário propriamente dito. Outra, o modo como são expressas, mantendo-se sempre o mesmo sentido e a mesma verdade. Deve-se dar grande importância a essa maneira de exprimir e buscá-la com toda a paciência necessária, mostrando em que se baseia uma expressão porventura nova, como e por que convém ao magistério hoje, especialmente por razões pastorais” (6).

No discurso de abertura, o papa fala do objetivo do Concílio Vaticano II como a difusão da doutrina. Ele afirma que é importante que a doutrina chegue aos múltiplos níveis da atividade humana, que se referem aos indivíduos, às famílias e à vida social. Para que isso aconteça é necessário, primeiramente, que a Igreja seja fiel à verdade e, ao mesmo tempo, deve também olhar para o momento atual, para as novas condições e formas de vida introduzidas no mundo de hoje. Disse que a Igreja não é indiferente ao progresso e que este deve orientar as pessoas à fonte de toda sabedoria.

São muito claros para São João XXIII, dois aspectos: a substância do « depositum fidei », isto é, as verdades da doutrina, e a formulação com que são enunciadas estas verdades, conservando-lhes o mesmo sentido e o mesmo alcance. Ele atribui no seu discurso, muita importância à forma, cujo caráter é, sobretudo, pastoral.
Passados cinquenta anos do Concílio Vaticano II, sentimos que devemos retomar estes princípios e traduzi-los na realidade de hoje.

2. O que é nova evangelização
A aplicação à realidade de hoje, dos princípios do Vaticano II, é definida como nova evangelização.
Para compreender esta expressão temos que ir até a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, de 12 a 28 de outubro de 1992, em Santo Domingo, que tratou especificamente de Nova Evangelização, Promoção Humana, Cultura Cristã, Jesus Cristo Ontem, Hoje e Sempre (Hb 13,8). Como falou o papa São João Paulo II no discurso inicial, não se trata de se propor um novo Evangelho. Há um só e único Evangelho. Não quer dizer também “reevangelizar”. Dizia que, antes de tudo, é um chamado à conversão. É também um esforço para inculturar o Evangelho. Por isso, pode-se dizer, de forma bem simples, que o sujeito da nova evangelização é a comunidade eclesial. A finalidade é formar pessoas maduras na fé e dar respostas à nova situação que vivemos. O conteúdo da nova evangelização é Jesus Cristo, Evangelho do Pai.

Na Carta de São João Paulo II aos Bispos Diocesanos da América Latina, na abertura da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, celebrada em outubro de 1992, em Santo Domingo, o papa diz: "Que Jesus Cristo, Nosso Senhor, Evangelizador e Salvador, seja hoje, como ontem e como sempre, o centro da vida da Igreja".

2.1. Objetivo geral: nova evangelização
A “nova evangelização” ganha ressonância. São João Paulo II, dirigindo-se aos Bispos do continente latino-americano, deu amplitude e ressonância a esta expressão e a define assim:
«A comemoração de meio milênio de evangelização terá o seu pleno significado se for um empenho vosso como Bispos, em conjunto com o vosso Presbitério e os vossos fiéis; um empenho, não certamente de reevangelização, mas de uma nova evangelização. Nova no seu ardor, nos seus métodos, nas suas expressões» (7).

Como deve ser esta nova evangelização?
O papa respondeu: que seja nova em seu ardor, em seus métodos e em sua expressão.

2.1.1 Nova no ardor: supõe uma fé sólida, caridade pastoral intensa e uma forte fidelidade que sob a ação do Espírito Santo, gera uma mística, um entusiasmo incontido na tarefa de anunciar o Evangelho.

2.1.2 Nova nos métodos: novas situações exigem novos caminhos de evangelização, o testemunho e o encontro pessoal, a presença do cristão em todo o humano.

2.1.3 Nova nas expressões: a nova evangelização tem de se inculturar, na linha da “encarnação do Verbo”(8).
Os interlocutores mudam, o tempo é outro, e o papa dirige-se à Igreja na Europa lançando-lhe um apelo muito semelhante:
«Chegou a urgência e a necessidade da “nova evangelização”, cientes de que a Europa, hoje, não deve simplesmente fazer apelo à sua precedente herança cristã: é preciso, de fato, que seja posta em condições de decidir novamente sobre o seu futuro no encontro com a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo»(9).

Para o papa São João Paulo II, a Igreja deve ter a coragem de ousar um recomeço da sua vocação espiritual e missionária. É necessário que as comunidades cristãs, marcadas pelas fortes mudanças sociais e culturais, encontrem as energias e os caminhos para se voltarem a ancorar de modo sólido na presença do Ressuscitado que as anima a partir de dentro. É preciso que se deixem guiar pelo seu Espírito, que voltem a experimentar de modo renovado o dom da comunhão com o Pai que vive Jesus, e voltem a oferecer às pessoas esta sua experiência como o dom mais precioso que possuem.

2.2. Objetivos específicos: fundamento teologal
Esta abertura ao Espírito Santo em vista de viver de modo renovado a comunhão com o Pai, em Jesus Cristo recebeu nova luz.

2.2.1 Bento XVI. 
O papa emérito Bento XVI desenvolveu a fidelidade ao teologal por meio de três grandes encíclicas sobre o amor, a esperança e a caridade na verdade (10): a vida cristã se resume no amor, por ser relação pessoal com o Pai e com Jesus, no Espírito de comunhão; a esperança é confiança absoluta em Deus, fonte de nossa vida e de nossa alegria; a vida social, pensada, em termos cristãos, parte da autenticidade da caridade, que envolve a justiça. Só o relacionamento pessoal com Deus sustenta a qualidade espiritual do relacionamento entre as pessoas.

As encíclicas de Bento XVI podem ser consideradas o testemunho de quanto a fé, acolhimento pessoal da Palavra no Espírito, se exprime nas mais variadas formas espirituais e sociais.

Observemos a temática que propôs às duas assembleias sinodais que convocou. A XII, de 2008, sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, cuja exortação apostólica Verbum Domini (2010) é uma verdadeira Teologia da Palavra; e a XIII, de 7 a 28 de outubro de 2012, sobre “A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”, onde se articulam intimamente fé e nova evangelização.

2.2.2 Papa Francisco. 
Reforçando ou aprofundando os ensinamentos de Bento XVI, o papa Francisco propôs uma “Igreja em saída”, com o olhar jubiloso voltado para o Antigo e o Novo Testamento. Na sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium , o papa Francisco recorda o Antigo Testamento que preanuncia a alegria da salvação, abundante nos tempos messiânicos.

O profeta Isaías dirige-se ao Messias esperado, saudando-O com regozijo: «Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo» (9, 2). E anima os habitantes de Sião a recebê-Lo com cânticos: «Exultai de alegria!» (12, 6). A quem já O avistara no horizonte, o profeta convida-o a tornar-se mensageiro para os outros: «Sobe a um alto monte, arauto de Sião! Grita com voz forte, arauto de Jerusalém» (40, 9). 

A criação inteira participa nesta alegria da salvação: «Cantai, ó céus! Exulta de alegria, ó terra! Rompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o Senhor consola o seu povo e se compadece dos desamparados» (49, 13). (11).
Zacarias, por sua vez, prevendo o dia do Senhor, convida a louvar o Rei que chega «humilde, montado num jumento»:
«Exulta de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti. Ele é justo e vitorioso» (9, 9). Mas o convite mais tocante talvez seja o do profeta Sofonias, que nos mostra o próprio Deus como um centro irradiante de festa e de alegria, que quer comunicar ao seu povo este júbilo salvífico. Enche-me de vida reler este texto: «O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa» (3, 17) (12).
No meio das pequenas coisas da vida quotidiana, vive-se a alegria, fruto do Espírito, como resposta ao amoroso convite de Deus nosso Pai:
«Meu filho, se tens com quê, trata-te bem (...). Não te prives da felicidade presente» (Eclo 14, 11.14). Quanta ternura paterna se vislumbra por detrás destas palavras! (13).
No Novo Testamento, o Evangelho convida insistentemente à alegria. E o papa faz compreender este aspecto proclamando textos fundamentais para a evangelização.

«Alegra-te» é a saudação do anjo a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1, 47). E, quando Jesus começa o seu ministério, João exclama: «Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!» (Jo 3, 29). O próprio Jesus «estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo» (Lc 10, 21). A sua mensagem é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). 

A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante. Ele promete aos seus discípulos: «Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há de converter-se em alegria» (Jo 16, 20). E insiste: «Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). Depois, ao verem-no ressuscitado, «encheram-se de alegria» (Jo 20, 20) (14).

Nos Atos dos Apóstolos, os que partilhavam da primitiva comunidade, «tomavam o alimento com alegria» (2,46). Por onde passaram os discípulos, «houve grande alegria» (8, 8); e eles, no meio da perseguição, «estavam cheios de alegria» (13, 52). Um eunuco, recém-batizado, «seguiu o seu caminho cheio de alegria» (8, 39); e o carcereiro «entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus» (16, 34).

E a partir desta tônica bíblica da alegria, Francisco propõe “uma Igreja «em saída», que deve «primeirear»,ou seja, tomar a iniciativa, envolver-se, acompanhar, frutificar e festejar.
Na sua primeira Exortação apostólica, pergunta: “Porque não havemos de entrar, também nós, nesta torrente de alegria?” Esta alegria é missionária. O dinamismo da “saída” aparece constantemente na Palavra; Abraão partiu rumo a uma nova terra (Gn 12,1-3). Moisés, atendendo ao mandato de Deus: “Vai, eu te envio” (Ex 3,10) - , conduziu o povo para a terra prometida. “Irás aonde eu te enviar” (Jr 1,7), disse a Jeremias.

Nesta Igreja missionária “em saída”, no “ide” dito por Jesus, estão presentes os desafios da missão e os cenários da missão evangelizadora.

3. Desafios da missão - os cenários da nova evangelização
Sentindo os grandes desafios da missão evangelizadora da Igreja, na 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2012, sobre A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, os Padres Sinodais reconheceram o ensinamento do Vaticano II como instrumento vital para a transmissão da fé, no contexto da Nova Evangelização.
Como o Catecismo da Igreja Católica, há vinte anos, a Nova Evangelização está em perfeita continuidade com o Vaticano II.

Na vida da Trindade estão as origens da Igreja, e a “fonte da Nova Evangelização”.
A Igreja é o povo congregado pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo (15), como já o dissera Cipriano de Cartago (ano 258).

A Nova Evangelização consiste em “testemunhar o Evangelho no mundo secularizado em que vivemos”. O Instrumentum Laboris da XIII Assembleia sobre a Nova Evangelização na Transmissão da Fé Cristã (2012) analisou os cenários da nova evangelização: a secularização, a mobilidade humana, a política, a investigação científica e tecnológica, o cenário comunicativo, as mudanças do cenário religioso, a “apostasia silenciosa”(16).

- Secularização
De modo particular no mundo ocidental, a secularização é fruto de episódios e movimentos sociais e de pensamento que marcaram em profundidade a história.
Ela se apresenta hoje nas culturas através da imagem positiva da libertação, da possibilidade de imaginar a vida do mundo e da humanidade sem referência à transcendência.
Nos últimos anos não se verifica tanto a forma pública dos discursos diretos e agressivos contra Deus, a religião e o cristianismo, embora, em alguns momentos, esta tonalidade anticristã, antirreligiosa e anticlerical também se tenha feito sentir. Ela assumiu um tom bem mais sutil que permitiu a esta forma cultural invadir a vida quotidiana das pessoas e desenvolver uma mentalidade em que Deus está verdadeiramente ausente, em tudo ou em parte, e a sua própria existência depende da consciência humana.

A secularização entrou também na vida dos cristãos e das comunidades eclesiais, tornando-se não apenas um perigo externo para os crentes, mas um terreno de confronto quotidiano. As características do modo secularizado de entender a vida confirmam o comportamento habitual de muitos cristãos. A “morte de Deus” anunciada nos decênios passados por tantos intelectuais deu lugar a uma estéril mentalidade hedonista e consumista, que conduz a formas muito superficiais de afrontar a vida e as responsabilidades. O risco de perder também os elementos fundamentais da fé é real. O influxo deste clima secularizado no quotidiano torna sempre mais difícil a afirmação da existência de uma verdade. Assiste-se a uma recusa prática da questão de Deus nas perguntas que o ser humano se coloca.
A realidade em que convivem crentes e não crentes apresenta algo que os une: o humano. Precisamente este elemento humano, é a referência natural da fé, e pode tornar-se o lugar privilegiado da evangelização. É na humanidade plena de Jesus de Nazaré que habita a plenitude da divindade (Cf. Cl 2,9). Purificando o humano a partir da humanidade de Jesus de Nazaré os cristãos podem se encontrar com pessoas secularizadas.

- Mobilidade humana
Um segundo cenário cultural é o grande fenômeno migratório que leva cada vez mais as pessoas a deixarem os seus países de origem e a viver em outros contextos.
Entende-se por migração o deslocamento de indivíduos dentro de um espaço geográfico, de forma temporária ou permanente. Esses fluxos migratórios podem ser desencadeados por vários motivos: econômicos, culturais, religiosos, políticos e naturais (secas, terremotos, enchentes etc.).
Tipos de migrações: Migrações internacionais – ocorrem de um país para outro (17) – e migrações internas – que ocorrem dentro do próprio país (18).

Migrações internacionais – ocorrem de um país para outro
Imigração – é caracterizada pela entrada de indivíduos ou grupos, em outro país. O imigrante é visto do ponto de vista do país que o acolheu. O termo se aplica só às pessoas que pretendem fixar residência permanente no país adotivo, participando da sua vida social.
Há Congregações religiosas junto aos migrantes no sentido de buscar acompanhá-los no atendimento às suas necessidades de ambientação, busca de emprego, documentação e vivência da fé.

- Cenário econômico
Ao cenário migratório, um terceiro marca de modo cada vez mais determinante as nossas sociedades: o cenário econômico. Em grande parte por causa do fenômeno das migrações, o cenário econômico foi marcado por tensões e formas de violência que a ele estão associadas, seguido das desigualdades que provoca no interior das nações e também entre elas. Há um claro e decisivo aumento da distância entre ricos e pobres. Inumeráveis vezes, a Igreja denunciou os crescentes desequilíbrios entre Norte e Sul do mundo, no acesso e na distribuição dos recursos, no empenho para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

- Cenário político
Com a crise da ideologia comunista, chegou ao fim a divisão do mundo ocidental em dois blocos. Isto favoreceu a liberdade religiosa e a possibilidade de reorganização das Igrejas históricas. O emergir na cena mundial de novos atores econômicos, políticos e religiosos, como o mundo islâmico, o mundo asiático, criou-se uma situação de domínio e de poder. 

Neste cenário, despontaram o empenho pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos; uma melhor regulamentação internacional e interação dos governos nacionais; a procura de formas possíveis de escuta, convivência, diálogo e colaboração entre as diversas culturas e religiões; a defesa dos direitos humanos e dos povos, sobretudo das minorias; a promoção dos direitos humanos, dos mais fracos; o alerta à salvaguarda ecológica da criação e o empenho pelo futuro do nosso planeta. Estes são temas que as diversas Igrejas particulares aprenderam a sentir como seus, e como tais são defendidos e promovidos na vida quotidiana das nossas comunidades.

- Emigração – é caracterizada pela saída de indivíduos ou grupos, de seu país de origem, para se estabelecer em outro. Emigrante é aquele que mudou de seu país para residir em outro, visto do ponto de vista do país de origem.

- Investigação científica e tecnológica
O quinto cenário é o da investigação científica e tecnológica. Vivemos numa época que ainda não se recuperou da estupefação suscitada pelos constantes alvos que a investigação nestes tempos tem sido capaz de superar. Todos podem experimentar, no quotidiano, os benefícios causados por estes progressos. Estamos cada vez mais dependentes deles. Diante de tantos aspectos positivos, existem igualmente perigos de excessivas esperanças e manipulações. A ciência e a tecnologia correm assim o risco de se tornarem os novos ídolos do presente. É fácil num contexto digital e globalizado fazer da ciência “a nossa nova religião”. A técnica surge como forma de sabedoria, em vista de uma orientação mágica da vida. Assistimos à afirmação dos novos cultos. Eles instrumentalizam, de modo terapêutico, as práticas religiosas que os homens estão dispostos a viver, estruturando-se como religiões da prosperidade e da gratificação instantânea.

- As novas fronteiras do cenário comunicativo
O sexto cenário é o comunicativo, que hoje oferece enormes possibilidades e representa também grandes desafios para a Igreja. Não há lugar no mundo de hoje que não possa ser alcançado e, por isso, não estar sujeito à influência da cultura midiática (19) e digital, que progressivamente se estrutura como o “lugar” da vida pública e da experiência social. Basta pensar no uso cada vez mais difundido da rede informática e das redes sociais.

As novas tecnologias digitais deram origem a um verdadeiro e próprio espaço social, cujos laços são capazes de influir sobre a sociedade e sobre a cultura. Atuando na vida das pessoas, os processos midiáticos tornados possíveis por estas tecnologias chegam a transformar a própria realidade. É a cultura da comunicação. Intervêm de modo incisivo na experiência das pessoas e permitem um alargamento das potencialidades humanas. A percepção de nós mesmos, dos outros e do mundo depende deles. Estas tecnologias e o espaço comunicativo criados por elas são, por isso, valorizados positivamente, sem preconceitos, como meios, embora com um olhar crítico e um uso sábio e responsável.

A Igreja soube entrar nestes espaços e assumir estes meios desde o início como instrumentos úteis para o anúncio do Evangelho. Hoje, os meios de comunicação mais tradicionais, especialmente a imprensa e o rádio, os novos meios servem cada vez mais à evangelização da Igreja, tornando possíveis interações a vários níveis, local, nacional, continental, mundial. Percebem-se as potencialidades destes meios de comunicação antigos e novos, verifica-se a necessidade de se usar o novo espaço social que se criou com as linguagens e as formas da tradição cristã.

A difusão da cultura da comunicação traz muitos benefícios: maior acesso às informações, maior possibilidade de conhecimento, de troca, de novas formas de solidariedade, de capacidade promover uma cultura cada vez mais em escala mundial, tornando os valores e os melhores desenvolvimentos do pensamento e da atividade humana um patrimônio de todos. Assiste-se à debilidade e à perda do valor objetivo das experiências profundamente humanas, tais como a reflexão e o silêncio; observa-se uma excessiva afirmação do pensamento individual. Reduz-se progressivamente a ética e a política a instrumentos de espetáculo. Num semelhante contexto, é pedido aos cristãos a audácia de frequentar e atuar nestes “novos areópagos”, para, como Paulo Apóstolo, anunciar Jesus Cristo vivo e Ressuscitado.

- O cenário religioso
O sétimo cenário refere-se ao modo como as pessoas exprimem o seu sentido religioso. Este permite também compreender de modo mais profundo o retorno do sentido religioso e a exigência de espiritualidade que marca muitas culturas e em particular as gerações mais jovens. De fato, se é verdade que o presente processo secularizante gera em muitas pessoas uma atrofia espiritual e um vazio do coração, também é possível observar em muitas regiões do mundo os sinais de um consistente renascimento religioso. A própria Igreja católica é afetada por este fenômeno, que oferece recursos e ocasiões de evangelização inesperadas desde há alguns decênios.

Estes aspectos positivos da redescoberta de Deus e do sagrado viram-se empobrecidos e obscurecidos por fenômenos do fundamentalismo que frequentemente manipula a religião para justificar a violência e, em casos extremos e circunscritos, até mesmo o terrorismo.
Vemos o problema premente da proliferação daqueles novos grupos religiosos que assumem a forma de seita com sua dominante emotiva e psicológica, a promoção de uma religião do sucesso e da prosperidade.

Neste contexto ganha ainda mais sentido o encontro e o diálogo com as grandes tradições religiosas que a Igreja cultivou nos últimos decênios, e continua a intensificar. Este encontro apresenta-se como uma ocasião especial para aprofundar o conhecimento da complexidade das formas e das linguagens da religiosidade humana tal como se apresenta noutras experiências religiosas.

- “Apostasia silenciosa”
Quais serão as razões do afastamento de numerosos fiéis da práxis cristã, uma verdadeira “apostasia silenciosa”? Constata-se o enfraquecimento da fé dos crentes, a falta da participação pessoal e experiencial na transmissão da fé, o insuficiente acompanhamento espiritual dos fiéis no seu itinerário formativo, intelectual e profissional. Lamenta-se uma excessiva burocratização das estruturas eclesiásticas, que se mostram distantes da pessoa comum e das suas preocupações existenciais. Tudo isto causa um reduzido dinamismo das comunidades eclesiais, a perda do entusiasmo das origens, a diminuição do movimento missionário. Muitos lamentam celebrações litúrgicas formais e ritos repetidos quase por hábito, privados da profunda experiência espiritual, que, invés de atrair, afastam as pessoas. 

Para uma valorização objetiva é necessário ter sempre presente o mistério da liberdade humana, dom de Deus que o homem pode adotar também de modo errado, rebelando-se contra Deus e voltando-se contra a sua Igreja.
A nova evangelização quer orientar a liberdade das pessoas, homens e mulheres, para Deus, fonte da bondade, da verdade e da beleza. A renovação da fé pode fazer superar os obstáculos mencionados que se opõem a uma vida cristã autêntica, segundo a vontade de Deus, expressa no mandamento do amor a Deus e ao próximo (cf. Mc 12,33).

Conclusões e perspectivas
Toda esta orientação das pessoas para Deus precisa necessariamente passar pela Porta fidei (20) – e esta porta é aberta a todos.

Porta aberta
A carta apostólica sob forma de Motu proprio, do papa Bento XVI, Porta fidei, de excepcional importância, começa com a passagem dos Atos (14,27), em que Paulo e Barnabé, de volta da primeira viagem missionária, narram aos irmãos de Jerusalém as maravilhas que acompanharam sua evangelização, abrindo para todos a “porta da fé”, enquanto para eles estava fechada a porta da Lei. É o germe da universalidade que deve presidir a toda evangelização. Isto significa que o acolhimento à Palavra se faz no contexto da busca da verdade e da fidelidade ao movimento do coração, inscrito como desejo de Deus, no íntimo de todas as pessoas e alimentado pela fidelidade pessoal e comunitária ao que é justo e bom.

É o que precisamos compreender nos dias de hoje. O conhecimento proporcionado pelas expressões da fé só integra realmente a vida, na medida em que nasce e se sustenta como expressão da experiência interior que brota do encontro pessoal com a Palavra no Espírito:
“A porta da fé (cf. At 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira” (21).
Bento XVI confessa que a fé, nesse sentido amplo, é sua preocupação maior, desde o início de seu ministério:
Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. (22).
Essa sua preocupação se explica pela novidade do contexto cultural em que vivem hoje os cristãos:
Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas (23).

Cumprindo a determinação da carta Porta Fidei, a Congregação para a Doutrina publicou, no dia 7 de Janeiro de 2012, uma Nota contendo orientações pastorais para a celebração do Ano da Fé no âmbito da Igreja Universal, das Conferências Episcopais, das dioceses, paróquias e comunidades cristãs (24).
Num mundo, que, frequentemente, sente Deus como supérfluo ou alheio, confessamos como Pedro que só Ele tem «palavras de vida eterna» (Jo 6, 68).
Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10, 10)25.
Essa é nossa vocação primeira: somos convidados a dar testemunho da verdade, como Jesus, em vista da salvação de todos os humanos. Os bispos da América Latina e Caribe, na Conferência de Aparecida, falaram da realização do discípulo missionário por partilhar a alegria do encontro com o Ressuscitado: Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como o Filho de Deus encarnado e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43). A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio (26).

Ser Igreja é agir como Jesus, dar a sua vida como testemunho da Verdade, para o bem de todos, viver na intimidade do Pai em adoração, evitar o pecado e toda infidelidade, e se deixar transformar pela alegria de estar desde agora com Deus, no Espírito, como Maria, entoando de coração o seu cântico, o Magnificat (Lc 1,46-55).

Declaração comum
O papa Francisco, em encontro histórico com o Patriarca da Igreja Ortodoxa, Kirill (Cirilo), manifestou alegria, por encontrar-se como irmãos na fé cristã que se reuniram para “falar de viva voz” (2 Jo 12), coração a coração, e analisar as relações mútuas entre as Igrejas, os problemas essenciais dos fiéis e as perspectivas de progresso da civilização humana. No encontro, no aeroporto de Havana, em Cuba, falaram das causas da divisão, das divergências na compreensão da fé, lamentaram a perda da unidade pela qual Jesus orou, e assinaram a Declaração comum que faz acontecer a desejada unidade e permite a união de esforços para testemunhar e anunciar o Evangelho. A civilização humana entrou em um período de mudança de época. A nossa consciência cristã e a nossa responsabilidade pastoral não nos permitem ficar inertes perante os desafios que requerem uma resposta comum.

A evangelização, um dos principais desafios apresentados pelo Concílio, é missão fundamental da Igreja e dever de cada cristão batizado.
Ficou bem explícito, em todo o decreto Ad gentes, que a evangelização edifica o corpo das Igrejas particulares e cada comunidade cristã.

Cada cristão e cada comunidade, todos nós, somos convidados a aceitar este chamado: sair da nossa comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias existenciais que precisam da luz do Evangelho. Viver a nova evangelização é ser uma Igreja “em saída*.


NOTAS
1 O Concílio Vaticano II, foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961, através da bula papal "Humanae salutis", pelo Papa João XXIII. Este mesmo Papa o inaugurou no dia 11 de outubro de 1962. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.
2 Lumen Gentium 4.
3 Ad Gentes 4.
4 Aggiornamento é um termo italiano, que significa "atualização". Esta palavra foi a orientação chave dada como objetivo para o Concílio Vaticano II. Por outras palavras, o aggiornamento é a adaptação e a nova apresentação dos princípios católicos ao mundo atual e moderno, sendo por isso um objetivo fundamental do Concílio Vaticano II.
5 JOÃO PAULO II. Exortação apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis, São Paulo: Loyola, 1992.
6 SÃO JOÃO XXIII, discurso Gaudet Mater Ecclesia, na abertura do Vaticano II, mensagens, discursos e documentos. São Paulo: Paulinas, 2012, nº 55.
7 São João Paulo II. XIX Discurso à Assembleia do CELAM (Port au Prince, 9 Março 1983), 3: AAS 75 I (1983) 778.
8 CELAM, Santo Domingo Conclusões. São Paulo: Loyola, 1992, nº 23-156
9 São João Paulo II. Exortação Apostólica Pós-sinodal Ecclesia in Europa (28 Junho 2003), 2.45: AAS 95 (2003) 650.
10 Deus caritas est (25.12.2005), Spe salvi (30.11.2007) e Caritas in veritate (29.06.2009).
11 Papa Francisco. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, no encerramento do Ano da Fé, dia 24 de Novembro – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo –, São Paulo: Paulinas, 2012, nº 4. 
12 Ibidem, nº 4.
13 Ibidem, nº 4.
14 Ibidem nº 5.
15 Lumen Gentium 4
16 SÍNODO DOS BISPOS. XIII Assembleia geral ordinária. A nova evangelização pra a transmissão da fé cristã – Instrumentum Laboris – Cidade do Vaticano, 2012.
17 https://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_humana.
18 Ibidem. Migrações Internas: dentro do próprio país. Êxodo rural ou rural urbano – é o deslocamento da população rural para a cidade.
Migração urbano-rural – é o deslocamento das pessoas da cidade para o campo.
Migração urbano-urbana – é a mudança de indivíduos de uma cidade para outra.
Migração pendular – típica das grandes cidades, onde centenas de pessoas saem de sua cidade para trabalhar em outra, retornando no final do dia.
Migração sazonal – ligada às estações do ano, onde o migrante sai de sua cidade, em determinado período do ano, retornando posteriormente. Um exemplo são os trabalhadores que saem das regiões secas do Nordeste em busca de trabalho em outras regiões. Ex.: boias-frias.Daí deriva um encontro e uma mistura de culturas.
19 https://pt.wikipedia.org/wiki/Evento_midi%C3%A1tico: Um evento midiático (português brasileiro) ou evento mediático (português europeu) é um acontecimento espontâneo ou planejado que atrai a atenção dos meios de comunicação, particularmente jornais, telejornais e jornais na internet.
20 Porta Fidei, na íntegra, em http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/motu_proprio/documents/hf_ben-xvi_motu-proprio_20111011_porta-fidei.html
21 Porta fidei 1.
22 Ibidem 2.
23 Ibidem 2.
24http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20120106_nota-anno-fede_po.html.
25 Verbum Domini, 2.
26 Conferência de Aparecida, 19 27 FRANCISCO E KIRILL. Declaração comum, assinada no aeroporto José Martí, de Havana, em Cuba, 12 de fevereiro de 2016.


BIBLIOGRAFIA
1. Bibliografia básica
01. BENTO XVI. Exortação Apostólica Pós-Sinodal «Verbum Domini » Sobre a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja.São Paulo:Paulinas, 2010.
02. Bíblia Sagrada, Tradução CNBB.
03. CELAM, Conclusões de Aparecida. São Paulo: Paulinas, 1978.
04. CELAM, Santo Domingo Conclusões. São Paulo: Loyola, 1992, nº 23-156
05. FRANCISCO. Evangelii gaudium, a alegria do Evangelho, exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, São Paulo, Paulinas, 2013.
06. FRANCISCO E KIRILL. Declaração comum, Havana, 12 de fevereiro de 2016
07. MESTERS, Carlos. A Bíblia na nova evangelização, Rio de Janeiro: CRB, 1990.
08. Pastores dabo vobis, exortação apostólica pós-sinodal, São Paulo: Loyola, 1992.
09. PAULO VI. Evangelii nuntiandi, exortação apostólica sobre a evangelização no mundo contemporâneo, São Paulo: Paulinas,1975.
10. Paulo VI. Gaudium et spes, alegria e esperança, constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual, São Paulo:Paulinas, 1965.
11. SCHWANTES, Milton. Projetos de esperança, São Paulo: Paulinas, 2002.
12. VV.AA. Projetos bíblicos de evangelização, Petrópolis:Vozes, 1991.
2. Bibliografia complementar
01. Dei Verbum, Constituição dogmática sobre a Revelação divina. Concílio Vaticano II, Paulo VI, 1965
02.Gaudium et spes, alegria e esperança, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual, Paulo VI, 1965.
03. Evangelii nuntiandi, Exortação apostólica do papa Paulo VI, sobre a evangelização no mundo contemporâneo, 1975.
04. Evangelii gaudium, a alegria do Evangelho. Exortação apostólica do papa Francisco, sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual,2013.
3. E-Referências
- Migrações https://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_humana
youtube.com/watch?v=U_O4tC0upjw>. Acesso em: 02 jul. 2013.
- Antropologia teológica. Estudo e análise do homem. A. D. Santo Editora. Youtube. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=h-SZYMbg0Tk>. ACESSO: 02 jul. 2013.
- Igreja em saída: https://www.youtube.com/watch?v=6zfcO75tY6Y

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Teologia do Centro Universitário Claretiano. (2016).

Nova Evangelização

A NOVA EVANGELIZAÇÃO
novidade de Deus que transparece 
nos sinais dos tempos
Irmã Patricia Silva, fsp (2016)
  

INTRODUÇÃO
As pessoas, de todas as épocas e culturas, sem deixar de ser o que são, têm acesso à salvação oferecida por Cristo a toda a humanidade. Mas a universalidade da salvação implica uma grande diversidade nas maneiras de vivê-la, diversidade respeitada pela Igreja!
Para a Igreja Católica, ser seu membro significa participar da vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo, segundo documentos do Concílio Vaticano II (1):

"Consumada a obra que o Pai confiara ao Filho para que ele a realizasse na terra (cf. Jo 17,4), no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para santificar continuamente a Igreja e assim dar aos crentes acesso ao Pai, por Cristo, num só Espírito (cf. Ef 2,18). Este é o Espírito da vida, a fonte da água que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14; 7,38-39); por ele, o Pai dá vida aos homens mortos pelo pecado, até que um dia ressuscitem em Cristo os seus corpos mortais (cf. Rm 8,10-11). O Espírito habita na Igreja e nos corações dos fiéis, como num templo (cf. 1Cor 3,16; 6,19): neles ora e dá testemunho de que são filhos adotivos (cf. GI 4,6; Rm 8,15-16 e 26). Leva a Igreja ao conhecimento da verdade total (Jo 16,13), unifica-a na comunhão e no ministério, dota-a e dirige-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos, e embeleza-a com os seus frutos (cf. Ef 4,11-12; 1Cor 12,4; Gl 5,22). Faz ainda rejuvenescer a Igreja com a força do Evangelho, renova-a continuamente e eleva-a a união consumada com o seu Esposo (3). Pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: ¨Vem!¨ (cf. Ap 22,17).
Assim aparece a Igreja inteira como ¨povo congregado na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo¨(2).

Depois de Pentecostes, pela pregação, iniciou-se a difusão do Evangelho a todas as nações:
Para completar esta obra Cristo enviou o Espírito Santo da parte do Pai, a fim de que interiormente operasse sua obra salvífica e propagasse a Igreja. Não há dúvida de que o Espírito Santo já operava no mundo antes da glorificação de Cristo. Mas foi no dia de Pentecostes que Ele desceu sobre os discípulos para permanecer eternamente com eles; que a Igreja foi publicamente manifestada ante a multidão; que pela pregação se iniciou a difusão do Evangelho entre as nações; que enfim foi prefigurada a união dos povos na catolicidade da fé mediante a Igreja da Nova Aliança que fala todas as línguas, compreende e abraça na caridade todos os idiomas e assim supera a dispersão de Babel (3).
Desta constatação, o Concílio Vaticano II apontou para três consequências maiores: a Revelação que deve ser entendida como comunicação da vida de Deus (Dei Verbum), a Liturgia, celebração do mistério do diálogo do povo cristão com Deus (Sacrosanctum
Concilium) e a Missão da Igreja (Lumen Gentium), que afirma que Jesus Cristo veio para dar “testemunho da verdade” (cf. Jo 18,37).

Consciente disto, São João XXIII apontou para o “aggiornamento” (4), que vai além de todas as mudanças que se podem operar na Igreja, nas suas formas de viver, nas expressões de sua fé e na sua atitude em face do mundo. É preciso renovar a relação da Igreja com sua fonte, a comunicação da Palavra e do Espírito, e mudar a sua forma de ação direta no mundo e na história. Depois, São João Paulo II, falará de “um novo ardor, novos métodos e novas expressões” (5).

Aberta a porta à diversidade, assistiu-se, logo após o Concílio, ao surgimento de teologias e de planos de pastoral, nas mais diversas direções. Foi então preciso que, desde a morte de São João XXIII, em 1963, seu sucessor, o Cardeal João Batista Montini, com o nome de Paulo VI, defendesse e exigisse a fidelidade de todos à Igreja, para garantir a unidade.

Nessa perspectiva de unidade, ele propõe uma retomada da Igreja a partir de suas origens sobrenaturais, uma “nova evangelização”. Menciona o termo, pela primeira vez, na sua visita à sua terra natal, em 1979, e o universaliza, por assim dizer, no discurso pronunciado na assembleia do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em Porto-Príncipe, em 1983.

A “nova evangelização” não se tratava de uma teoria ou uma visão clara do que fazer. Era uma direção a ser seguida pela Igreja. Era intuição de pastor, que precisava determinar um rumo, para dar novo impulso à missão evangelizadora.

Evangelização, dizia o Papa, que seja nova, por “um novo ardor, novos métodos e novas experiências”. Era uma espécie de palavra profética, como um desafio a ser explorado tanto em seus fundamentos teóricos como em suas aplicações pastorais.
Nesta pesquisa, procurei seguir esta palavra profética e descobrir, a partir do Vaticano II (1965) até o Papa Francisco (2015), os caminhos trilhados e o ponto a que chegamos na reflexão e na vivência concreta da “nova evangelização”.

1. Justificativa: uma nova expressão para um novo sentido
São João XXIII percebe a exigência da nova evangelização que deve ser buscada e expressa na pastoral. No seu discurso de abertura do Concílio Vaticano II, disse o papa São João XXIII:
“Uma coisa é o depósito da fé, as verdades que constituem o conteúdo doutrinário propriamente dito. Outra, o modo como são expressas, mantendo-se sempre o mesmo sentido e a mesma verdade. Deve-se dar grande importância a essa maneira de exprimir e buscá-la com toda a paciência necessária, mostrando em que se baseia uma expressão porventura nova, como e por que convém ao magistério hoje, especialmente por razões pastorais” (6).

No discurso de abertura, o papa fala do objetivo do Concílio Vaticano II como a difusão da doutrina. Ele afirma que é importante que a doutrina chegue aos múltiplos níveis da atividade humana, que se referem aos indivíduos, às famílias e à vida social. Para que isso aconteça é necessário, primeiramente, que a Igreja seja fiel à verdade e, ao mesmo tempo, deve também olhar para o momento atual, para as novas condições e formas de vida introduzidas no mundo de hoje. Disse que a Igreja não é indiferente ao progresso e que este deve orientar as pessoas à fonte de toda sabedoria.

São muito claros para São João XXIII, dois aspectos: a substância do « depositum fidei », isto é, as verdades da doutrina, e a formulação com que são enunciadas estas verdades, conservando-lhes o mesmo sentido e o mesmo alcance. Ele atribui no seu discurso, muita importância à forma, cujo caráter é, sobretudo, pastoral.
Passados cinquenta anos do Concílio Vaticano II, sentimos que devemos retomar estes princípios e traduzi-los na realidade de hoje.

2. O que é nova evangelização
A aplicação à realidade de hoje, dos princípios do Vaticano II, é definida como nova evangelização.
Para compreender esta expressão temos que ir até a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, de 12 a 28 de outubro de 1992, em Santo Domingo, que tratou especificamente de Nova Evangelização, Promoção Humana, Cultura Cristã, Jesus Cristo Ontem, Hoje e Sempre (Hb 13,8). Como falou o papa São João Paulo II no discurso inicial, não se trata de se propor um novo Evangelho. Há um só e único Evangelho. Não quer dizer também “reevangelizar”. Dizia que, antes de tudo, é um chamado à conversão. É também um esforço para inculturar o Evangelho. Por isso, pode-se dizer, de forma bem simples, que o sujeito da nova evangelização é a comunidade eclesial. A finalidade é formar pessoas maduras na fé e dar respostas à nova situação que vivemos. O conteúdo da nova evangelização é Jesus Cristo, Evangelho do Pai.

Na Carta de São João Paulo II aos Bispos Diocesanos da América Latina, na abertura da IV Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, celebrada em outubro de 1992, em Santo Domingo, o papa diz: "Que Jesus Cristo, Nosso Senhor, Evangelizador e Salvador, seja hoje, como ontem e como sempre, o centro da vida da Igreja".

2.1. Objetivo geral: nova evangelização
A “nova evangelização” ganha ressonância. São João Paulo II, dirigindo-se aos Bispos do continente latino-americano, deu amplitude e ressonância a esta expressão e a define assim:
«A comemoração de meio milênio de evangelização terá o seu pleno significado se for um empenho vosso como Bispos, em conjunto com o vosso Presbitério e os vossos fiéis; um empenho, não certamente de reevangelização, mas de uma nova evangelização. Nova no seu ardor, nos seus métodos, nas suas expressões» (7).

Como deve ser esta nova evangelização?
O papa respondeu: que seja nova em seu ardor, em seus métodos e em sua expressão.

2.1.1 Nova no ardor: supõe uma fé sólida, caridade pastoral intensa e uma forte fidelidade que sob a ação do Espírito Santo, gera uma mística, um entusiasmo incontido na tarefa de anunciar o Evangelho.

2.1.2 Nova nos métodos: novas situações exigem novos caminhos de evangelização, o testemunho e o encontro pessoal, a presença do cristão em todo o humano.

2.1.3 Nova nas expressões: a nova evangelização tem de se inculturar, na linha da “encarnação do Verbo”(8).
Os interlocutores mudam, o tempo é outro, e o papa dirige-se à Igreja na Europa lançando-lhe um apelo muito semelhante:
«Chegou a urgência e a necessidade da “nova evangelização”, cientes de que a Europa, hoje, não deve simplesmente fazer apelo à sua precedente herança cristã: é preciso, de fato, que seja posta em condições de decidir novamente sobre o seu futuro no encontro com a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo»(9).

Para o papa São João Paulo II, a Igreja deve ter a coragem de ousar um recomeço da sua vocação espiritual e missionária. É necessário que as comunidades cristãs, marcadas pelas fortes mudanças sociais e culturais, encontrem as energias e os caminhos para se voltarem a ancorar de modo sólido na presença do Ressuscitado que as anima a partir de dentro. É preciso que se deixem guiar pelo seu Espírito, que voltem a experimentar de modo renovado o dom da comunhão com o Pai que vive Jesus, e voltem a oferecer às pessoas esta sua experiência como o dom mais precioso que possuem.

2.2. Objetivos específicos: fundamento teologal
Esta abertura ao Espírito Santo em vista de viver de modo renovado a comunhão com o Pai, em Jesus Cristo recebeu nova luz.

2.2.1 Bento XVI. 
O papa emérito Bento XVI desenvolveu a fidelidade ao teologal por meio de três grandes encíclicas sobre o amor, a esperança e a caridade na verdade (10): a vida cristã se resume no amor, por ser relação pessoal com o Pai e com Jesus, no Espírito de comunhão; a esperança é confiança absoluta em Deus, fonte de nossa vida e de nossa alegria; a vida social, pensada, em termos cristãos, parte da autenticidade da caridade, que envolve a justiça. Só o relacionamento pessoal com Deus sustenta a qualidade espiritual do relacionamento entre as pessoas.

As encíclicas de Bento XVI podem ser consideradas o testemunho de quanto a fé, acolhimento pessoal da Palavra no Espírito, se exprime nas mais variadas formas espirituais e sociais.

Observemos a temática que propôs às duas assembleias sinodais que convocou. A XII, de 2008, sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, cuja exortação apostólica Verbum Domini (2010) é uma verdadeira Teologia da Palavra; e a XIII, de 7 a 28 de outubro de 2012, sobre “A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”, onde se articulam intimamente fé e nova evangelização.

2.2.2 Papa Francisco. 
Reforçando ou aprofundando os ensinamentos de Bento XVI, o papa Francisco propôs uma “Igreja em saída”, com o olhar jubiloso voltado para o Antigo e o Novo Testamento. Na sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium , o papa Francisco recorda o Antigo Testamento que preanuncia a alegria da salvação, abundante nos tempos messiânicos.

O profeta Isaías dirige-se ao Messias esperado, saudando-O com regozijo: «Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo» (9, 2). E anima os habitantes de Sião a recebê-Lo com cânticos: «Exultai de alegria!» (12, 6). A quem já O avistara no horizonte, o profeta convida-o a tornar-se mensageiro para os outros: «Sobe a um alto monte, arauto de Sião! Grita com voz forte, arauto de Jerusalém» (40, 9). 

A criação inteira participa nesta alegria da salvação: «Cantai, ó céus! Exulta de alegria, ó terra! Rompei em exclamações, ó montes! Na verdade, o Senhor consola o seu povo e se compadece dos desamparados» (49, 13). (11).
Zacarias, por sua vez, prevendo o dia do Senhor, convida a louvar o Rei que chega «humilde, montado num jumento»:
«Exulta de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que o teu rei vem a ti. Ele é justo e vitorioso» (9, 9). Mas o convite mais tocante talvez seja o do profeta Sofonias, que nos mostra o próprio Deus como um centro irradiante de festa e de alegria, que quer comunicar ao seu povo este júbilo salvífico. Enche-me de vida reler este texto: «O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa» (3, 17) (12).
No meio das pequenas coisas da vida quotidiana, vive-se a alegria, fruto do Espírito, como resposta ao amoroso convite de Deus nosso Pai:
«Meu filho, se tens com quê, trata-te bem (...). Não te prives da felicidade presente» (Eclo 14, 11.14). Quanta ternura paterna se vislumbra por detrás destas palavras! (13).
No Novo Testamento, o Evangelho convida insistentemente à alegria. E o papa faz compreender este aspecto proclamando textos fundamentais para a evangelização.

«Alegra-te» é a saudação do anjo a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1, 47). E, quando Jesus começa o seu ministério, João exclama: «Esta é a minha alegria! E tornou-se completa!» (Jo 3, 29). O próprio Jesus «estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo» (Lc 10, 21). A sua mensagem é fonte de alegria: «Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa» (Jo 15, 11). 

A nossa alegria cristã brota da fonte do seu coração transbordante. Ele promete aos seus discípulos: «Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há de converter-se em alegria» (Jo 16, 20). E insiste: «Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria» (Jo 16, 22). Depois, ao verem-no ressuscitado, «encheram-se de alegria» (Jo 20, 20) (14).

Nos Atos dos Apóstolos, os que partilhavam da primitiva comunidade, «tomavam o alimento com alegria» (2,46). Por onde passaram os discípulos, «houve grande alegria» (8, 8); e eles, no meio da perseguição, «estavam cheios de alegria» (13, 52). Um eunuco, recém-batizado, «seguiu o seu caminho cheio de alegria» (8, 39); e o carcereiro «entregou-se, com a família, à alegria de ter acreditado em Deus» (16, 34).

E a partir desta tônica bíblica da alegria, Francisco propõe “uma Igreja «em saída», que deve «primeirear»,ou seja, tomar a iniciativa, envolver-se, acompanhar, frutificar e festejar.
Na sua primeira Exortação apostólica, pergunta: “Porque não havemos de entrar, também nós, nesta torrente de alegria?” Esta alegria é missionária. O dinamismo da “saída” aparece constantemente na Palavra; Abraão partiu rumo a uma nova terra (Gn 12,1-3). Moisés, atendendo ao mandato de Deus: “Vai, eu te envio” (Ex 3,10) - , conduziu o povo para a terra prometida. “Irás aonde eu te enviar” (Jr 1,7), disse a Jeremias.

Nesta Igreja missionária “em saída”, no “ide” dito por Jesus, estão presentes os desafios da missão e os cenários da missão evangelizadora.

3. Desafios da missão - os cenários da nova evangelização
Sentindo os grandes desafios da missão evangelizadora da Igreja, na 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2012, sobre A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, os Padres Sinodais reconheceram o ensinamento do Vaticano II como instrumento vital para a transmissão da fé, no contexto da Nova Evangelização.
Como o Catecismo da Igreja Católica, há vinte anos, a Nova Evangelização está em perfeita continuidade com o Vaticano II.

Na vida da Trindade estão as origens da Igreja, e a “fonte da Nova Evangelização”.
A Igreja é o povo congregado pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo (15), como já o dissera Cipriano de Cartago (ano 258).

A Nova Evangelização consiste em “testemunhar o Evangelho no mundo secularizado em que vivemos”. O Instrumentum Laboris da XIII Assembleia sobre a Nova Evangelização na Transmissão da Fé Cristã (2012) analisou os cenários da nova evangelização: a secularização, a mobilidade humana, a política, a investigação científica e tecnológica, o cenário comunicativo, as mudanças do cenário religioso, a “apostasia silenciosa”(16).

- Secularização
De modo particular no mundo ocidental, a secularização é fruto de episódios e movimentos sociais e de pensamento que marcaram em profundidade a história.
Ela se apresenta hoje nas culturas através da imagem positiva da libertação, da possibilidade de imaginar a vida do mundo e da humanidade sem referência à transcendência.
Nos últimos anos não se verifica tanto a forma pública dos discursos diretos e agressivos contra Deus, a religião e o cristianismo, embora, em alguns momentos, esta tonalidade anticristã, antirreligiosa e anticlerical também se tenha feito sentir. Ela assumiu um tom bem mais sutil que permitiu a esta forma cultural invadir a vida quotidiana das pessoas e desenvolver uma mentalidade em que Deus está verdadeiramente ausente, em tudo ou em parte, e a sua própria existência depende da consciência humana.

A secularização entrou também na vida dos cristãos e das comunidades eclesiais, tornando-se não apenas um perigo externo para os crentes, mas um terreno de confronto quotidiano. As características do modo secularizado de entender a vida confirmam o comportamento habitual de muitos cristãos. A “morte de Deus” anunciada nos decênios passados por tantos intelectuais deu lugar a uma estéril mentalidade hedonista e consumista, que conduz a formas muito superficiais de afrontar a vida e as responsabilidades. O risco de perder também os elementos fundamentais da fé é real. O influxo deste clima secularizado no quotidiano torna sempre mais difícil a afirmação da existência de uma verdade. Assiste-se a uma recusa prática da questão de Deus nas perguntas que o ser humano se coloca.
A realidade em que convivem crentes e não crentes apresenta algo que os une: o humano. Precisamente este elemento humano, é a referência natural da fé, e pode tornar-se o lugar privilegiado da evangelização. É na humanidade plena de Jesus de Nazaré que habita a plenitude da divindade (Cf. Cl 2,9). Purificando o humano a partir da humanidade de Jesus de Nazaré os cristãos podem se encontrar com pessoas secularizadas.

- Mobilidade humana
Um segundo cenário cultural é o grande fenômeno migratório que leva cada vez mais as pessoas a deixarem os seus países de origem e a viver em outros contextos.
Entende-se por migração o deslocamento de indivíduos dentro de um espaço geográfico, de forma temporária ou permanente. Esses fluxos migratórios podem ser desencadeados por vários motivos: econômicos, culturais, religiosos, políticos e naturais (secas, terremotos, enchentes etc.).
Tipos de migrações: Migrações internacionais – ocorrem de um país para outro (17) – e migrações internas – que ocorrem dentro do próprio país (18).

Migrações internacionais – ocorrem de um país para outro
Imigração – é caracterizada pela entrada de indivíduos ou grupos, em outro país. O imigrante é visto do ponto de vista do país que o acolheu. O termo se aplica só às pessoas que pretendem fixar residência permanente no país adotivo, participando da sua vida social.
Há Congregações religiosas junto aos migrantes no sentido de buscar acompanhá-los no atendimento às suas necessidades de ambientação, busca de emprego, documentação e vivência da fé.

- Cenário econômico
Ao cenário migratório, um terceiro marca de modo cada vez mais determinante as nossas sociedades: o cenário econômico. Em grande parte por causa do fenômeno das migrações, o cenário econômico foi marcado por tensões e formas de violência que a ele estão associadas, seguido das desigualdades que provoca no interior das nações e também entre elas. Há um claro e decisivo aumento da distância entre ricos e pobres. Inumeráveis vezes, a Igreja denunciou os crescentes desequilíbrios entre Norte e Sul do mundo, no acesso e na distribuição dos recursos, no empenho para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.

- Cenário político
Com a crise da ideologia comunista, chegou ao fim a divisão do mundo ocidental em dois blocos. Isto favoreceu a liberdade religiosa e a possibilidade de reorganização das Igrejas históricas. O emergir na cena mundial de novos atores econômicos, políticos e religiosos, como o mundo islâmico, o mundo asiático, criou-se uma situação de domínio e de poder. 

Neste cenário, despontaram o empenho pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos; uma melhor regulamentação internacional e interação dos governos nacionais; a procura de formas possíveis de escuta, convivência, diálogo e colaboração entre as diversas culturas e religiões; a defesa dos direitos humanos e dos povos, sobretudo das minorias; a promoção dos direitos humanos, dos mais fracos; o alerta à salvaguarda ecológica da criação e o empenho pelo futuro do nosso planeta. Estes são temas que as diversas Igrejas particulares aprenderam a sentir como seus, e como tais são defendidos e promovidos na vida quotidiana das nossas comunidades.

- Emigração – é caracterizada pela saída de indivíduos ou grupos, de seu país de origem, para se estabelecer em outro. Emigrante é aquele que mudou de seu país para residir em outro, visto do ponto de vista do país de origem.

- Investigação científica e tecnológica
O quinto cenário é o da investigação científica e tecnológica. Vivemos numa época que ainda não se recuperou da estupefação suscitada pelos constantes alvos que a investigação nestes tempos tem sido capaz de superar. Todos podem experimentar, no quotidiano, os benefícios causados por estes progressos. Estamos cada vez mais dependentes deles. Diante de tantos aspectos positivos, existem igualmente perigos de excessivas esperanças e manipulações. A ciência e a tecnologia correm assim o risco de se tornarem os novos ídolos do presente. É fácil num contexto digital e globalizado fazer da ciência “a nossa nova religião”. A técnica surge como forma de sabedoria, em vista de uma orientação mágica da vida. Assistimos à afirmação dos novos cultos. Eles instrumentalizam, de modo terapêutico, as práticas religiosas que os homens estão dispostos a viver, estruturando-se como religiões da prosperidade e da gratificação instantânea.

- As novas fronteiras do cenário comunicativo
O sexto cenário é o comunicativo, que hoje oferece enormes possibilidades e representa também grandes desafios para a Igreja. Não há lugar no mundo de hoje que não possa ser alcançado e, por isso, não estar sujeito à influência da cultura midiática (19) e digital, que progressivamente se estrutura como o “lugar” da vida pública e da experiência social. Basta pensar no uso cada vez mais difundido da rede informática e das redes sociais.

As novas tecnologias digitais deram origem a um verdadeiro e próprio espaço social, cujos laços são capazes de influir sobre a sociedade e sobre a cultura. Atuando na vida das pessoas, os processos midiáticos tornados possíveis por estas tecnologias chegam a transformar a própria realidade. É a cultura da comunicação. Intervêm de modo incisivo na experiência das pessoas e permitem um alargamento das potencialidades humanas. A percepção de nós mesmos, dos outros e do mundo depende deles. Estas tecnologias e o espaço comunicativo criados por elas são, por isso, valorizados positivamente, sem preconceitos, como meios, embora com um olhar crítico e um uso sábio e responsável.

A Igreja soube entrar nestes espaços e assumir estes meios desde o início como instrumentos úteis para o anúncio do Evangelho. Hoje, os meios de comunicação mais tradicionais, especialmente a imprensa e o rádio, os novos meios servem cada vez mais à evangelização da Igreja, tornando possíveis interações a vários níveis, local, nacional, continental, mundial. Percebem-se as potencialidades destes meios de comunicação antigos e novos, verifica-se a necessidade de se usar o novo espaço social que se criou com as linguagens e as formas da tradição cristã.

A difusão da cultura da comunicação traz muitos benefícios: maior acesso às informações, maior possibilidade de conhecimento, de troca, de novas formas de solidariedade, de capacidade promover uma cultura cada vez mais em escala mundial, tornando os valores e os melhores desenvolvimentos do pensamento e da atividade humana um patrimônio de todos. Assiste-se à debilidade e à perda do valor objetivo das experiências profundamente humanas, tais como a reflexão e o silêncio; observa-se uma excessiva afirmação do pensamento individual. Reduz-se progressivamente a ética e a política a instrumentos de espetáculo. Num semelhante contexto, é pedido aos cristãos a audácia de frequentar e atuar nestes “novos areópagos”, para, como Paulo Apóstolo, anunciar Jesus Cristo vivo e Ressuscitado.

- O cenário religioso
O sétimo cenário refere-se ao modo como as pessoas exprimem o seu sentido religioso. Este permite também compreender de modo mais profundo o retorno do sentido religioso e a exigência de espiritualidade que marca muitas culturas e em particular as gerações mais jovens. De fato, se é verdade que o presente processo secularizante gera em muitas pessoas uma atrofia espiritual e um vazio do coração, também é possível observar em muitas regiões do mundo os sinais de um consistente renascimento religioso. A própria Igreja católica é afetada por este fenômeno, que oferece recursos e ocasiões de evangelização inesperadas desde há alguns decênios.

Estes aspectos positivos da redescoberta de Deus e do sagrado viram-se empobrecidos e obscurecidos por fenômenos do fundamentalismo que frequentemente manipula a religião para justificar a violência e, em casos extremos e circunscritos, até mesmo o terrorismo.
Vemos o problema premente da proliferação daqueles novos grupos religiosos que assumem a forma de seita com sua dominante emotiva e psicológica, a promoção de uma religião do sucesso e da prosperidade.

Neste contexto ganha ainda mais sentido o encontro e o diálogo com as grandes tradições religiosas que a Igreja cultivou nos últimos decênios, e continua a intensificar. Este encontro apresenta-se como uma ocasião especial para aprofundar o conhecimento da complexidade das formas e das linguagens da religiosidade humana tal como se apresenta noutras experiências religiosas.

- “Apostasia silenciosa”
Quais serão as razões do afastamento de numerosos fiéis da práxis cristã, uma verdadeira “apostasia silenciosa”? Constata-se o enfraquecimento da fé dos crentes, a falta da participação pessoal e experiencial na transmissão da fé, o insuficiente acompanhamento espiritual dos fiéis no seu itinerário formativo, intelectual e profissional. Lamenta-se uma excessiva burocratização das estruturas eclesiásticas, que se mostram distantes da pessoa comum e das suas preocupações existenciais. Tudo isto causa um reduzido dinamismo das comunidades eclesiais, a perda do entusiasmo das origens, a diminuição do movimento missionário. Muitos lamentam celebrações litúrgicas formais e ritos repetidos quase por hábito, privados da profunda experiência espiritual, que, invés de atrair, afastam as pessoas. 

Para uma valorização objetiva é necessário ter sempre presente o mistério da liberdade humana, dom de Deus que o homem pode adotar também de modo errado, rebelando-se contra Deus e voltando-se contra a sua Igreja.
A nova evangelização quer orientar a liberdade das pessoas, homens e mulheres, para Deus, fonte da bondade, da verdade e da beleza. A renovação da fé pode fazer superar os obstáculos mencionados que se opõem a uma vida cristã autêntica, segundo a vontade de Deus, expressa no mandamento do amor a Deus e ao próximo (cf. Mc 12,33).

CONCLUSÕES E PROSPECTIVAS
Toda esta orientação das pessoas para Deus precisa necessariamente passar pela Porta fidei (20) – e esta porta é aberta a todos.

Porta aberta
A carta apostólica sob forma de Motu proprio, do papa Bento XVI, Porta fidei, de excepcional importância, começa com a passagem dos Atos (14,27), em que Paulo e Barnabé, de volta da primeira viagem missionária, narram aos irmãos de Jerusalém as maravilhas que acompanharam sua evangelização, abrindo para todos a “porta da fé”, enquanto para eles estava fechada a porta da Lei. É o germe da universalidade que deve presidir a toda evangelização. Isto significa que o acolhimento à Palavra se faz no contexto da busca da verdade e da fidelidade ao movimento do coração, inscrito como desejo de Deus, no íntimo de todas as pessoas e alimentado pela fidelidade pessoal e comunitária ao que é justo e bom.

É o que precisamos compreender nos dias de hoje. O conhecimento proporcionado pelas expressões da fé só integra realmente a vida, na medida em que nasce e se sustenta como expressão da experiência interior que brota do encontro pessoal com a Palavra no Espírito:
“A porta da fé (cf. At 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira” (21).
Bento XVI confessa que a fé, nesse sentido amplo, é sua preocupação maior, desde o início de seu ministério:
Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. (22).
Essa sua preocupação se explica pela novidade do contexto cultural em que vivem hoje os cristãos:
Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas (23).

Cumprindo a determinação da carta Porta Fidei, a Congregação para a Doutrina publicou, no dia 7 de Janeiro de 2012, uma Nota contendo orientações pastorais para a celebração do Ano da Fé no âmbito da Igreja Universal, das Conferências Episcopais, das dioceses, paróquias e comunidades cristãs (24).
Num mundo, que, frequentemente, sente Deus como supérfluo ou alheio, confessamos como Pedro que só Ele tem «palavras de vida eterna» (Jo 6, 68).
Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10, 10)25.
Essa é nossa vocação primeira: somos convidados a dar testemunho da verdade, como Jesus, em vista da salvação de todos os humanos. Os bispos da América Latina e Caribe, na Conferência de Aparecida, falaram da realização do discípulo missionário por partilhar a alegria do encontro com o Ressuscitado: Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como o Filho de Deus encarnado e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43). A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio (26).

Ser Igreja é agir como Jesus, dar a sua vida como testemunho da Verdade, para o bem de todos, viver na intimidade do Pai em adoração, evitar o pecado e toda infidelidade, e se deixar transformar pela alegria de estar desde agora com Deus, no Espírito, como Maria, entoando de coração o seu cântico, o Magnificat (Lc 1,46-55).

Declaração comum
O papa Francisco, em encontro histórico com o Patriarca da Igreja Ortodoxa, Kirill (Cirilo), manifestou alegria, por encontrar-se como irmãos na fé cristã que se reuniram para “falar de viva voz” (2 Jo 12), coração a coração, e analisar as relações mútuas entre as Igrejas, os problemas essenciais dos fiéis e as perspectivas de progresso da civilização humana. No encontro, no aeroporto de Havana, em Cuba, falaram das causas da divisão, das divergências na compreensão da fé, lamentaram a perda da unidade pela qual Jesus orou, e assinaram a Declaração comum que faz acontecer a desejada unidade e permite a união de esforços para testemunhar e anunciar o Evangelho. A civilização humana entrou em um período de mudança de época. A nossa consciência cristã e a nossa responsabilidade pastoral não nos permitem ficar inertes perante os desafios que requerem uma resposta comum.

A evangelização, um dos principais desafios apresentados pelo Concílio, é missão fundamental da Igreja e dever de cada cristão batizado.
Ficou bem explícito, em todo o decreto Ad gentes, que a evangelização edifica o corpo das Igrejas particulares e cada comunidade cristã.

Cada cristão e cada comunidade, todos nós, somos convidados a aceitar este chamado: sair da nossa comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias existenciais que precisam da luz do Evangelho. Viver a nova evangelização é ser uma Igreja “em saída*.


NOTAS
1 O Concílio Vaticano II, foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961, através da bula papal "Humanae salutis", pelo Papa João XXIII. Este mesmo Papa o inaugurou no dia 11 de outubro de 1962. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.
2 Lumen Gentium 4.
3 Ad Gentes 4.
4 Aggiornamento é um termo italiano, que significa "atualização". Esta palavra foi a orientação chave dada como objetivo para o Concílio Vaticano II. Por outras palavras, o aggiornamento é a adaptação e a nova apresentação dos princípios católicos ao mundo atual e moderno, sendo por isso um objetivo fundamental do Concílio Vaticano II.
5 JOÃO PAULO II. Exortação apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis, São Paulo: Loyola, 1992.
6 SÃO JOÃO XXIII, discurso Gaudet Mater Ecclesia, na abertura do Vaticano II, mensagens, discursos e documentos. São Paulo: Paulinas, 2012, nº 55.
7 São João Paulo II. XIX Discurso à Assembleia do CELAM (Port au Prince, 9 Março 1983), 3: AAS 75 I (1983) 778.
8 CELAM, Santo Domingo Conclusões. São Paulo: Loyola, 1992, nº 23-156
9 São João Paulo II. Exortação Apostólica Pós-sinodal Ecclesia in Europa (28 Junho 2003), 2.45: AAS 95 (2003) 650.
10 Deus caritas est (25.12.2005), Spe salvi (30.11.2007) e Caritas in veritate (29.06.2009).
11 Papa Francisco. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, no encerramento do Ano da Fé, dia 24 de Novembro – Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo –, São Paulo: Paulinas, 2012, nº 4. 
12 Ibidem, nº 4.
13 Ibidem, nº 4.
14 Ibidem nº 5.
15 Lumen Gentium 4
16 SÍNODO DOS BISPOS. XIII Assembleia geral ordinária. A nova evangelização pra a transmissão da fé cristã – Instrumentum Laboris – Cidade do Vaticano, 2012.
17 https://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_humana.
18 Ibidem. Migrações Internas: dentro do próprio país. Êxodo rural ou rural urbano – é o deslocamento da população rural para a cidade.
Migração urbano-rural – é o deslocamento das pessoas da cidade para o campo.
Migração urbano-urbana – é a mudança de indivíduos de uma cidade para outra.
Migração pendular – típica das grandes cidades, onde centenas de pessoas saem de sua cidade para trabalhar em outra, retornando no final do dia.
Migração sazonal – ligada às estações do ano, onde o migrante sai de sua cidade, em determinado período do ano, retornando posteriormente. Um exemplo são os trabalhadores que saem das regiões secas do Nordeste em busca de trabalho em outras regiões. Ex.: boias-frias.Daí deriva um encontro e uma mistura de culturas.
19 https://pt.wikipedia.org/wiki/Evento_midi%C3%A1tico: Um evento midiático (português brasileiro) ou evento mediático (português europeu) é um acontecimento espontâneo ou planejado que atrai a atenção dos meios de comunicação, particularmente jornais, telejornais e jornais na internet.
20 Porta Fidei, na íntegra, em http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/motu_proprio/documents/hf_ben-xvi_motu-proprio_20111011_porta-fidei.html
21 Porta fidei 1.
22 Ibidem 2.
23 Ibidem 2.
24http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20120106_nota-anno-fede_po.html.
25 Verbum Domini, 2.
26 Conferência de Aparecida, 19 27 FRANCISCO E KIRILL. Declaração comum, assinada no aeroporto José Martí, de Havana, em Cuba, 12 de fevereiro de 2016.


BIBLIOGRAFIA
1. Bibliografia básica
01. BENTO XVI. Exortação Apostólica Pós-Sinodal «Verbum Domini » Sobre a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja.São Paulo:Paulinas, 2010.
02. Bíblia Sagrada, Tradução CNBB.
03. CELAM, Conclusões de Aparecida. São Paulo: Paulinas, 1978.
04. CELAM, Santo Domingo Conclusões. São Paulo: Loyola, 1992, nº 23-156
05. FRANCISCO. Evangelii gaudium, a alegria do Evangelho, exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, São Paulo, Paulinas, 2013.
06. FRANCISCO E KIRILL. Declaração comum, Havana, 12 de fevereiro de 2016
07. MESTERS, Carlos. A Bíblia na nova evangelização, Rio de Janeiro: CRB, 1990.
08. Pastores dabo vobis, exortação apostólica pós-sinodal, São Paulo: Loyola, 1992.
09. PAULO VI. Evangelii nuntiandi, exortação apostólica sobre a evangelização no mundo contemporâneo, São Paulo: Paulinas,1975.
10. Paulo VI. Gaudium et spes, alegria e esperança, constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual, São Paulo:Paulinas, 1965.
11. SCHWANTES, Milton. Projetos de esperança, São Paulo: Paulinas, 2002.
12. VV.AA. Projetos bíblicos de evangelização, Petrópolis:Vozes, 1991.
2. Bibliografia complementar
01. Dei Verbum, Constituição dogmática sobre a Revelação divina. Concílio Vaticano II, Paulo VI, 1965
02.Gaudium et spes, alegria e esperança, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual, Paulo VI, 1965.
03. Evangelii nuntiandi, Exortação apostólica do papa Paulo VI, sobre a evangelização no mundo contemporâneo, 1975.
04. Evangelii gaudium, a alegria do Evangelho. Exortação apostólica do papa Francisco, sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual,2013.
3. E-Referências
- Migrações https://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_humana
youtube.com/watch?v=U_O4tC0upjw>. Acesso em: 02 jul. 2013.
- Antropologia teológica. Estudo e análise do homem. A. D. Santo Editora. Youtube. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=h-SZYMbg0Tk>. ACESSO: 02 jul. 2013.
- Igreja em saída: https://www.youtube.com/watch?v=6zfcO75tY6Y

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Teologia do Centro Universitário Claretiano. (2016).

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